sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Jogos Didáticos e Educação: é possível?

Autoria: Grupo Biofísica Pedagótica (Aline Oliveira, David Henrique, Haydéa Reis e Jocilea Tatagiba)

Os jogos sempre foram conjuntos de atividades e brincadeiras que visam a diversão de crianças e adultos. Mas há sendo observado o poder que jogos tem na aprendizagem, pois seu fator lúdico atrelado a um conteúdo didático traz melhores resultados quanto a assimilação e posterior desempenho dos estudantes. O jogo deixa de ser apenas um simples jogo e passa a ser um suporte pedagógico, que tem por base a interação dos alunos como via para o aprendizado compartilhado.
A atividade lúdica, que já era defendida por Piaget, por ser importante ao desenvolvimento da criança, também foi reconhecida por Huizinga. Para este, o jogo é mais antigo que a própria cultura quando afirma que:
mesmo em suas formas mais simples, ao nível animal, o jogo é mais do que um fenômeno fisiológico ou um reflexo psicológico. Ultrapassa os limites da atividade puramente física ou biológica. É uma função significante, isto é, encerra um determinado sentido. No jogo existe alguma coisa “em jogo” que transcende as necessidades imediatas da vida e confere um sentido à ação. Todo jogo significa alguma coisa. (HUIZINGA, 2000, p.3)

Apesar de suas vantagens, a utilização dos jogos didáticos na escola, principalmente a partir da segunda fase do Ensino Fundamental é vista de forma negativa, pois a escola ainda se mantém muito conteudista, valorizando avaliações de modelo predominantemente tradicional. Este comportamento tem sofrido críticas de vários autores que sugerem que o aluno seja ativo na produção de conhecimento. E mais, vários estudos apontam para a necessidade do uso de metodologias que despertem o interesse do aluno e, paralelamente a isso, associar jogos às novas tecnologias têm sido visto por pesquisadores da área como alternativa de sucesso da aprendizagem.
Porém, é importante ressaltar qual é o papel que o professor ocupa neste modelo de ensino e aprendizagem. Como mediador, caberá participar dos jogos e instruir seus alunos quanto aos objetivos e resultados esperados com a atividade lúdica. Interagir, sem se privar de seu papel como professor ao avaliar progressivamente o entendimento e desempenho dos alunos. E isso é um desafio para muitos docentes que ainda não se viram atuando de forma diferente, perpetuando o modelo de ensino tradicional por distintas gerações de alunos. Vale lembrar, ainda, que os PCN também ressaltam a importância dos jogos em práticas educativas orientando os docentes acerca do potencial desse recurso na educação ao preconizar que:

um aspecto relevante nos jogos é o desafio genuíno que eles provocam no aluno, que gera interesse e prazer. Por isso, é importante que os jogos façam parte da cultura escolar, cabendo ao professor analisar e avaliar a potencialidade educativa dos diferentes jogos e o aspecto curricular que se deseja desenvolver. (BRASIL, 1997, P.36)

Os jogos visam estimular o impulso natural do aluno a aprender. Para isso, os jogos educativos mobilizam esquemas mentais, estimulam o pensamento, a ordenação de tempo e de espaço, ao mesmo tempo em que abrangem dimensões da personalidade como a afetiva, a social, a motora e a cognitiva. Eles também favorecem a aquisição de condutas cognitivas e desenvolvimento de habilidades como coordenação, destreza, rapidez, força e concentração.
Nesse âmbito podemos citar o NEDIC (Núcleo de Pesquisa em Ensino e Divulgação de Ciências) situado no IFRJ/Maracanã que conta com um acervo de jogos educativos dos mais diversos temas, como em genética, área de estudo da Prof.ª Tânia Golbach, temos alguns nomes como: "Que Proteína é Essa?", "Mendelmória", "NEDICóide", entre outros. Vale a pena conferir.
Estivemos recentemente nesse espaço onde conversamos sobre a importância da organização dos jogos em espaços adequados, que facilite a identificação para o acesso e manuseio, além da classificação, codificação e registro dos mesmos na Biblioteca Nacional e, assim, resguardar a autoria. Para visitar a página e saber mais visualize o link aqui.
Além do NEDIC a professora e pesquisadora também trabalha num centro de ensino de ciências para crianças e jovens. O Espaço Ciência Viva traz todo mês temáticas especiais, propõe atividades com entrada franca. Lá é possível encontrar jogos e brincadeiras educativas nas áreas de biologia, física e química. Para mais informações acesse o link aqui.


Referências:

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : introdução aos parâmetros curriculares nacionais / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1997. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf>

HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2000.


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